sexta-feira, 4 de abril de 2014

a virtude do carlos paredes

Há uns dias vinha a ouvir no rádio a transmissão do I Encontro da Canção Portuguesa. Nem costumo ouvir muito rádio, mas eis que sem o procurar, a Antena 1 me deleita com a lembrança de um episódio da nossa história que achei tão bonito e curioso. Nesse evento, a 29 de Março do mesmo ano da revolução de Abril, não faltaram os momentos em que a união dos presentes, especialmente contra a censura, deram a entender a podridão do regime que menos de um mês depois viria a cair. Essa é para mim a parte bonita. A parte curiosa advém de comparar as reacções do público, face ao quarteto de Marcos Rezende e ao Carlos Paredes. O primeiro tocou jazz. Ouviram-se assobios, a malta queria era uma letra para cantar. O quarteto não conseguiu terminar a actuação, sendo literalmente escorraçado. Depois, entra o Carlos Paredes com a Verdes Anos. Nem uma palavra da audiência, só silêncio e emoção, apesar da igual inexistência de letra ou vozes. E pronto. Na falta de melhor resumo, tenho para mim que a virtude do Carlos Paredes foi conseguir falar com uma guitarra. Sem usar palavras, mas a saber dizer tanto.


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