quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

hunger games e imperialismo

Envolto na senda de filmes da época natalícia, acabei agora mesmo de ver o Hunger Games. (Pela segunda vez consecutiva falo de um filme, por motivos diferentes. Note-se, também este é baseado num livro.)


A história gira em torno de uns jogos organizados numa cidade faustosa. Nesses jogos, 24 adolescentes têm de lutar até à morte para descobrir o vencedor anual. Os jogadores são forçosamente recrutados de 12 distritos paupérrimos, subjugados pelo governo totalitário da grande cidade próspera. Diz-se que o governo da cidade garante a paz, e que os jogos são uma forma de castigar os 12 distritos que no passado, revoltosos, semearam a guerra.


Para quem viu ou verá o dito filme, talvez não seja paranóico reparar nalguns pormenores interessantes. A cidade vive ricamente. Os seus habitantes são livres e saudáveis. O apego pela moda e a exuberância são visíveis. Os Patrocinadores, entidades dessa cidade, escolhem os seus jogadores preferidos, sendo esse um investimento completamente livre e pessoal. Sugere-se um sistema económico individualista e liberal. Uma espécie de vértice superior de uma pirâmide. Na base, os 12 distritos. Cada um deles produz uma determinada matéria prima. A presença militar da grande cidade, nesses distritos, é uma constante. Os jogadores são daqui brutalmente recrutados. Alguns participantes voluntariam-se, esses assumem que o seu grande objectivo é representarem da melhor forma possível o seu distrito. Treinam desde cedo. A economia dos distritos é profundamente planificada e controlada pela cidade. Numa citação do filme, o grande líder (da cidade) assume que os recursos provenientes dos distritos são fundamentais. Pelo meio, uma pequena rebelião num dos distritos é prontamente apaziguada pelas forças da cidade.


São os meus dois centavos. O meu bitaite. Outros verão no filme uma crítica a reality shows. Um hino à força do amor. Uma réplica da facilidade com que a moralidade de cada um é corrompida em função situações extremas, de vida ou morte. Mas não me lixem. (Sem conhecer os restantes livros/filme, vou procurar fazê-lo,) Para mim o Hunger Games tem por alí laivos de retrato de uma forma de organização imperialista. Da fase superior do capitalismo, diria o camarada Lenine. A fome de alguns distritos é a fonte de bem-estar e liberdade de outra cidade. Como se fosse um jogo.





Um bom 2014 a toda a gente, que venha esse vagabundo. (E já agora, parabéns ao Luís!) 

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