quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Uma série de respostas

Resposta para o Costa

Ela: Senhor, não existe nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Desculpe?
Ela: Não temos registado em nosso sistema nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Isso é impossível Senhora. Eu comprei o bilhete há três dias atrás, estou certo disso.
Ela: Vou confirmar novamente. Pois, é como lhe disse, não temos nenhum registo em seu nome.
Ele: Não estou a perceber… que dia é hoje?
Ela: Cinco de Dezembro de mil novecentos e trinta.
Ele: Sexta-feira?
Ela: Exactamente Senhor, sexta-feira.
Ele: Pois, exactamente. Só para confirmar Senhora, estamos em Lisboa não estamos?
Ela: Desculpe?
Ele: Gostaria apenas de confirmar onde estamos pois por vezes eu ando meio distraído… este é Aeroporto de Lisboa não é?
Ela: Sim Senhor… é o aeroporto de Lisboa.

(Ela começa a achar que Ele é estranho)

Ele: Então eu tenho a certeza que estou certo! Por favor, confirme novamente Senhora. Ainda nada? Não estou mesmo a perceber o que possa ter acontecido.
Ela: Nem eu…

(Ele olha para o telhado do aeroporto)

Ele: Diga-me uma coisa por favor. Que nome está a verificar em seu sistema?
Ela: Como assim? O seu nome!
Ele: Claro, mas qual?
Ela: O nome que está escrito em seu Passaporte. Senhor Fernando Pessoa.
Ela: Xiiii… merda. Ora tente lá por favor Ricardo Reis ou Alberto Caeiro ou… como se chama o outro mesmo? Não se assuste Senhora, somos todos a mesma pessoa.

(Claro que isto é tudo mentira. Em 1930 ainda não existia o Aeroporto de Lisboa. Nem o ‘sistema’. Mas se existissem, Ele certamente teria que pagar uma taxa para alterar o nome).

Resposta para o Luís

Também já pensei porque é que as pessoas escrevem em Blogs. Porém, como mostraste, a multiplicidade de hipóteses torna a análise um tanto vaga de conclusões. No caso destes Mentirosos todos, de quem posso falar com um pouco mais de propriedade, acho que é só mesmo para alimentar o Ego. Embora não tenha sido o primeiro a pensar isso.

Resposta para o Marques

Na verdade também não é resposta nenhuma, mas sim um conjunto de pensamentos consequentes de tua última Mentira.

Achei graça à tua intitulação de liberal (e não ultraliberal) assim com a boca cheia. Não pelo que isso representa em termos da minha compreensão da tua pessoa, mas pelo facto de eu não conseguir categorizar a minha posição política numa palavra. Ou em poucas, vá. Sinto que possuo um conjunto de opiniões e posições face à realidade política, económica e social que podem aproximar-se mais ou menos de uma percepção bastante incompleta que tenho de um número de correntes ideológicas formais. Não estou a falar de bandeiras partidárias. Acredito também que são mutáveis as posições individuais em função de novas experiências que nos confrontam com realidades diferentes de forma constante. No fundo, parece que quanto mais conheço mais difícil fica etiquetar uma dada predisposição de pensamento. Ainda assim mostra-se cada vez mais lógico que a forma mais lógica de ideologia política estará necessariamente entre o neoliberalismo e a social-democracia, com todo o risco que os meios-termos implicam. Mas prefiro o risco do meio-termo ao risco do radicalismo. Uma resolução de ano-novo que já migra na prateleira faz anos é precisamente estudar, de forma estruturada e académica, a história das ideias políticas. Até lá, vou lendo pontas soltas que vão ajudando a ganhar vontade de atacar o todo.

E li esta semana uma ponta solta que me despertou interesse (sim, tudo isto foi para chegar aqui). Chama-se a Terceira Via (ou The Third Way) e é “uma corrente da ideologia social-democrata, (…) promovida por alguns partidários do liberalismo social. Tenta reconciliar a direita e a esquerda, através de uma política económica ortodoxa e de uma política social progressista (…) parece ser uma corrente que apresenta uma conciliação entre capitalismo de livre mercado e socialismo democrático” (direitinho da Wiki). Vocês que são muito mais educados do que eu, já devem saber a história deste movimento que falhou redondo precisamente por estar no meio-termo. Morreu nas mãos dos Clintons e Blairs desta vida. Vale leu um pouco de Anthony Giddens para conhecer melhor. Acho que isto ainda vai dar que falar no futuro.

1 comentário:

  1. Respondendo à tua resposta para o Marques, duvido que estudares a História das Ideias Políticas te possa ajudar a sair dessa indefinição ideológica. Se fores como eu, e se bem me lembro até temos umas coisas em comum, só vais perceber que todos têm coisas boas e coisas más, e o melhor é não te encaixares em lado nenhum e ir petiscar a todo o lado. Se quiseres os 4 volumes do Touchard, para te ajudarem (ou não), diz.

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