sábado, 7 de abril de 2012

Aumento de roubos de colmeias preocupa apicultores


Hoje não li muitas notícias, mas valha-me isso, li das mais curiosas que por aí se escrevem. Uma que diz que o aumento do roubo de abelhas preocupa os apicultores. Acho curioso porque logo à partida é de salutar a criatividade crescente no seio da gatunagem. Com mais algum cuidado na análise, há aspectos nesta tendência que emergem e despertam questões. Despertam admiração até. Imagine-se o risco acrescido que é roubar abelhas. Jóias, ouro, notas, obras de arte, roupa, santos de igrejas, moedas, toda essa parafernália de objectos se tornam algo infatil de roubar, por não terem um ferrão para a ser espetado, pronto a por em causa a integridade física do assaltante. Convenhamos também, um anel de rubi não tem asas, ou a agilidade suficiente para poder escapar no acto do furto. Depois o transporte das ditas cujas. Aposto que uma perseguição em alta velocidade é deveras inóspito para a fragilidade de um ser tão cândido como uma abelha. Abelhas mortas não servirão os propósitos de quem as rouba e por isso o transporte tem de envolver um misto de velocidade e delicadeza, de energia e carinho, de vigor e amabilidade. Não será fácil, entenda-se. E não ficamos por aqui. Ultrapassada toda a logística do assalto propriamente dito, terá de vir a rentabilização das abelhas. A menos que as abelhas se destinem ao usufruto do próprio larápio (o que me custa imaginar), os pequenos animais terão de ser vendidos. Para tal e desde logo, as abelhas têm de ser contadas. Admiro a dedicação dos assaltantes, dispostos a algo tão entediante como contar o número de bichos tão minúlculos e irrequietos como o são as abelhas. Depois de contadas, a procura de compradores num mercado tão específico como imagino que seja o mercado das abelhas (e sem querer ferir o valor inestimáel de qualquer ser vivo, digam, quanto custará uma abelha?).
Neste ponto perguntar-se-ão (eu perguntei a mim prório), mas será que as colmeias são roubadas apenas por causa do mel e as pobres abelhas vêm por arrasto? Por causa do mel? Só por causa do mel? Não... para isso assaltava-se o continente, ou pingo doce, um pequeno comércio, uma loja turística que decerto teria um número considerável de potes de mel. Não... roubar abelhas siginifica astúcia, perícia. Significa viver no limite, vestir a camisola de uma profissão. Significa a vanguarda de um conjunto de homens e mulheres que desafiam a fronteira do roubável e fazem avançar os limites do empenho. Ao cuidado da polícia: se apanharem um assaltante de abelhas, não o encarcerem numa prisão. Ponham-no em conferências, ponham-no como orador em universidades de verão da jsd, porque esse indivíduo encerra em sí toda a aura empreendedora de que o país precisa para avançar.

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