quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ajudar os patrões

O Henry Ford era um tipo visionário. Em 1927 resolveu aumentar o salário dos funcionários para que esses pudessem comprar os carros que eles próprios fabricavam. É uma decisão justificável. A produção só gera retorno se tiver procura. Hoje, aqueles que papagueiam a redução do salário como um imperativo da sustentabilidade, os mesmos que nos dizem que vivemos acima das nossas possibilidades sabem que isso (viver acima das possibilidades) pode nem ser mau, se comprarmos dos seus produtos (quer dizer, se viver acima das possibilidades fosse assim tão mau, a Worten não oferecia crédito com TAEG's de mais de 20% a quem não tem possibilidades para comprar um LCD). Depois dizem que claro, em Portugal aumentar salários apenas aumenta a procura de produtos de empresas chinesas ou alemãs. O que faz falta é baixar custos do trabalho para exportar. O que é curioso: Portugal tem dos salários mais baixos da Europa, e isso não tem funcionado... Mas oh estúpido, o que importa não é o salário absoluto, é o custo unitário do trabalho. Sim, mas o custo unitário do trabalho diminui se a produção aumentar. E tenho para mim que se produz pouco e mal por má organização do trabalho, não por preguiça do trabalhador. Depois há outra coisa. A mesma política austeritária tem sido seguida por vários países em simultâneo. O que é bom para um país isolado, não significa que seja bom para todos ao mesmo tempo (falácia da composição).

Henry Ford foi um patrão que soube que num dado momento foi útil para si aumentar salários. Se gostas assim tanto dos teus patrões defende o teu salário: também é para o bem deles!

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