quarta-feira, 13 de julho de 2011

o trabalho liberta

O sistema neoliberal que afoga os nossos dias chegou e enraizou-se envolto numa promessa tentadora: liberdade. Foi o desejo de liberdade, legítimo e compreensível, que permitiu a este novo liberalismo ser acolhido de braços abertos pelas populações. Odeie-se qualquer alusão ao Estado, socialização ou planificação, porque tudo isso não é mais que "rampa inclinada" para o autoritarismo, apregoa-se. Mas, por falar em contradições: não é a empresa capitalista um espaço completamente planeado de cima para baixo? Se fugir à planificação é a bandeira dos ditos liberais, seria sensato escolher uma de duas vias: democratizar a empresa ou limitar o tempo de confinação a esse espaço profundamente planificado. A segunda receita parece simples, resume-se a reduzir os horários de trabalho e diminuir as idades de reforma. É descabido encontrar uma profunda contradição no facto de ser justamente prática deste sistema neoliberal o aumento dos horários de trabalho e o aumento da idade da reforma? Já Hayek dizia "For most of us the time we spend at our work is a large part of our whole lives, and our job usually determines the place where and the people among whom we live." Não sei, mas a sério que não há por ai desses liberais à moda Austríaca a achar estranho que um liberal à moda Austríaca se conforme com " large part of our whole lives" passado num espaço rigidamente planeado? Qual era mesmo o problema de uma maior divisão dos tempos de trabalho? É que isso torna a empresa menos competitiva, estúpido! Ah, maldita competitividade neoliberal, pedra basilar da liberdade prometida.

Enfim, desculpem o desabafo.

3 comentários:

  1. O comentário estava a alongar-se, pelo que vou responder a este post no meu blog na 5ª de manhã, porque só faço um post por dia e 4ª é dia de colocar lá os meus escritos. Mas vai lá comentar 4ª, que vai ser um texto interactivo. ;)

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  2. A beleza do neoliberalismo é que, apesar de tudo, ninguém é obrigado a trabalhar.

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  3. A beleza é que ninguém é obrigado a trabalhar em sítio ou sistema nenhum. O chato é que, apesar de tudo, se morre à fome e ao frio

    fernando pedro

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