sábado, 12 de março de 2011

This is the end. My only friend, THE END.


Vamos lá ver uma coisa. A questão é simples: enquanto outros países da zona Euro pagaram a factura quando tinha que ser paga, isto é, cortaram despesas quando perceberam que o impacto de se tomar a medida política de adiar a crise ia ser muito duro, este governo andou a brincar e andou a empurrar a crise de 2009 para 2 anos depois e agora está tudo à vista: PEC 4. Na altura gastou-se todo o dinheiro que não tínhamos a evitar esses efeitos da crise (boa parte dele mal gasto), agora está à vista a factura toda: não as dívidas que temos obrigatoriamente que pagar (que para isso é necessário pedir dinheiro emprestado para pagar empréstimos anteriores) como também a desconfiança dos mercados internacionais na nossa capacidade de pagar estas dívidas e as dívidas que vêm a seguir.

O presidente da república, Cavaco II, no “discurso do professor” deu uma bela aula de economia ao governo apresentando alguns números e deu alguns puxões de orelhas:
1) “Neste contexto, é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública, a reduzir a presença excessiva do Estado na economia e a melhorar o desempenho e a eficácia da administração pública.”
2) “Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas.”
3) “A nossa sociedade não pode continuar adormecida perante os desafios que o futuro lhe coloca. É necessário que um sobressalto cívico faça despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos.”
4) “Necessitamos de recentrar a nossa agenda de prioridades, colocando de novo as pessoas no fulcro das preocupações colectivas. Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem a nossa unidade como povo. Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.”
5) “O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.”

Sócrates e Companhia não lhe passaram cartão nenhum (como, aliás, não costumam passar). De facto, “há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”, apesar destes socráticos pensarem que não. Se é necessário conter o défice (cortar a despesa e aumentar a receita), porque raio é que o desfecho acaba sempre nos bolsos dos mesmos, nos bolsos dos pobres dos portugueses?

E as Parcerias Publico-Privadas (PPP) feitas pelo Estado e em conjunto com grupos financeiros, grandes construtoras, empresas de consultoria e gabinetes de advogados, porque não estão a ser revistas? Porque raio é esse valor que ascende a 48 mil milhões de euros não está a ser revisto?
E os quase 14000 institutos/fundações/organismos públicos que não se sabem ao certo quantos são, não apresentam contas nem são fiscalizados? Continuarão a ser alimentados pelo dinheiro dos contribuintes?
E as grandes Obras Públicas? Aquele troço Poceirão-Caia que nos vai custar 2 mil milhões de euros, é para continuar? E o contrato da concessão Pinhal Interior pelo prazo de 30 anos e que nos vai custar 1,2 mil milhões de euros? Mas afinal, que brincadeira vem a ser esta?
A questão mantem-se: faz sentido pedir-se mais sacrifícios aos portugueses sem se reverem estes interesses-de-estado-que-nos-levam-à-bancarrota-enquanto-há-muita-gente-a-comer-do-tacho? Não. E é hora de acabar com esta fantochada.

O Henrique Raposo dizia há uns dias que o PSD não podia aceitar um novo aumento de impostos. Na verdade, não se pode dar a mão a um governo que, olhando para a execução de Janeiro aumenta a despesa em 1% quando a receita fiscal cresce 15%. Isto é de loucos. Isto é de uma incompetência brutal e inimaginável. Isto é hora de mandar estes gajos que estão a gozar connosco para o olho da rua.

Parece que hoje, o PSD já se demarcou deste novo pacote de medidas de austeridade ao dizer que “esta não é a maneira, este não é o caminho a seguir” e que “Se o Governo quiser seguir neste errado caminho, terá de o fazer sozinho ou procurar o apoio de outros, mas não contará com o apoio do PSD”.

Acabou-se a chantagem da “estabilidade”. Acabou-se o apoio a esse socratismo mentiroso, que continua a garantir que o país não precisa de ajuda externa e que não respeita a Casa da Democracia, desdenha o Estado de Direito e pensa que pode fazer tudo o que lhe vier à (pobre) cabeça que os portugueses estão aí para aguentar. Estamos todos fartos.

Resta saber se haverá alguém a demitir o governo ou se será o próprio governo a demitir-se. Uma coisa é certa: com o governo no olho da rua, o FMI vem aí e eu, tal como o Henrique Raposo, estou pronto para eleições: AD.


This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

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