quinta-feira, 25 de junho de 2009

Estudar compensa

Recentemente, o Ministro Mariano Gago reuniu-se com os deputados da Comissão de Educação, naquele que foi o último encontro do tipo da actual legislatura. Fez das palavras "em Portugal, estudar compensa" hino e bandeira de um relatório por ele escrito e lido, em que, obviamente e como se esperava, o cor-de-rosa com que pintou o Ensino Superior em Portugal ocultou os factos mais negros.

Estudar em Portugal compensa e muito tortuoso seria se assim não sucedesse. Espero não ver o dia em que estudar não passe de um completo desperdício de tempo e de dinheiro. Neste cenário, quem almejaria comprar uma licenciatura por mil euros anuais, como simples objecto de adorno?
Entendi o porquê de tal congratulação quando li o que pretendia, na realidade, dizer o Sr. Ministro: estudar em Portugal compensa, e quem o diz são os 8,2% de licenciados no desemprego, referiu.
Do relatório não constavam os 47 mil licenciados (dados de 2007) dispostos a tudo, a desempenhar tarefas de baixa qualificação, em empregos apelidados precários, porque, de facto, esses estão empregados. Atrevo-me a dizer que deles não se obteria resposta doce aquando lhes perguntassem se estudar em Portugal compensa.
Outro aspecto que sobressai do relatório do Sr. Ministro é a argumentação de que existiu uma ampla discussão em torno de um Processo de Bolonha e de um Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). Sou novo no Ensino Superior, mas em tempo de secundário, RJIES pareceu-me algo semelhante a uma colher de sopa dada a uma criança, a qual, por muito que discuta ou faça birra, terá sempre que engolir.
Mais ainda, foi dito que o financiamento ao Ensino Superior é idêntico ao da média dos países da OCDE, situando-se nos 1,4% do PIB. Não contesto. Ainda assim, não deixo de ter inveja de países como França, Dinamarca, Grécia, Alemanha, Suécia, Dinamarca, onde, apesar de serem países pertencentes à OCDE, não se paga propinas. Inveja que culmina com o sentimento reconfortante de que talvez, nesses tristes países, estudar não compense.

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