quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

(rabugice) Crónica

Foi publicado no dia 10 de Fevereiro o documento relativo aos ante-estatutos do IST, faculdade que tenho o privilégio de frequentar. Esta alteração estatutária foi necessária e desencadeada pelo novo RJIES (Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior), protocolo este que alem de diminuir a representatividade e poder dos alunos, abre os palcos das decisões internas das universidades a personalidades públicas (exteriores à instituição) e torna as faculdades susceptíveis de serem transformadas em fundações, processo que visa a atracção do investimento de capitais privados .
Do que já se antevia, veio a confirmação: bem menos representatividade estudantil no órgão central de gestão: de 30 (estudantes) num universo de 75 passa para 2 num universo de 15. Feitas as contas, de 40% de alunos evoluímos (sim, nem toda a evolução é benéfica) para 13%. Conselho Geral, foi a designação que veio substituir a anterior Assembleia Representativa.
Além disso, requereu a minha atenção um artigo, por razões que vou de seguida tentar explicitar. Diz o artigo 3, ponto 2 e) : “O IST procura contribuir para a competitividade da economia nacional através da inovação e da promoção do empreendedorismo”.
Talvez me chamem ingénuo. Talvez me digam que na realidade é esse o papel camuflado das universidades e seja eu um triste alienado. Talvez teime em viver num mundo de sonho onde, no meu ver, as universidades se tratem de instituições que tenham como primordial papel a construção de pessoas culturalmente evoluídas e criativas (dando a estas os conhecimentos, ferramentas e bases necessárias à sua auto-realização pessoal e profissional) e não a construção de protótipos mecanizados mentalmente limpos, codificados para produzir riqueza. Talvez o estado não dê mais apoios a “conservatórios nacionais artísticos” e universidades focadas no estudo de ciências sociais porque…, porque não produzem os mais qualificados profissionais em dar riqueza ao país. Sinto que se criar um programa que facilite a utilização de caixas de multibanco por deficientes visuais a universidade iria ficar triste comigo, não sendo esse um artigo de considerável rentabilidade nacional (os estatutos farão o obséquio de não me fazer esquecer o meu papel). Talvez seja mesmo ingénuo. Ou talvez seja apenas rabugento. Ou ambos.

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